Cabaret

Infantil

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"CABARET" – UMA TRAGÉDIA MAQUIADA NO ROCK Por Fred Leal Quando Beethoven disse que "música é o mediador entre a vida espiritual e a vida sensual", nem fazia idéia de que um quarteto de rapazes do Rio de Janeiro levaria sua afirmação a extremos que renomeiam acordes para dó sustenido de quatro ou fá melhor. Depois de décadas de lamentação emocional - a popular dor-de-corno - que catalisou movimentos tão distintos quanto o tango, o pagode e o emocore, o Cabaret desponta das esquinas de Copacabana em um primeiro álbum que traz os culhões de volta ao rock nacional. A estréia de Marvel, Myself Deluxe, Peter Glitter e Sid Licious transforma em canção a catarse de sentimentos do homem moderno num mundo feito de relacionamentos com taxímetro e hedonismo de grife. No lirismo das palavras de Marvel, reconhecemos um universo despido de idealismo romântico, onde um pé na bunda não é respondido com rosas e serenata, mas com álcool e sexo casual. Sem medo de que lágrimas borrem a maquiagem, os rapazes do Cabaret subvertem metrossexualismo em canalhice e fazem de fetiches refrãos. Se fosse um disco de vinil, "Cabaret" acharia perfeito sentido em sua organização de repertório, com o lado A começando, pelo palco, a jornada noite adentro de um cara que, até o fim da décima-segunda faixa, ainda vai conhecer sua musa ("Dama da Noite"), se apaixonar ("Brilhar"), e perder ("Rockstar Baby", "Não Desista de Mim"). E isso só na primeira metade! O disco continua sua odisséia pela degradação do homem desiludido com o amor, que questiona ("O Amor e a Guerra"), que esconde sua dor em noitadas sem leis ou nomes próprios ("Copacabana Full Time", "Se Você Confiar"), e que eventualmente encontra conforto e sabedoria em sua conturbada trajetória ("Tudo o que Aprendi"). Márvio Rafael/Marvel é o Freddie Mercury tropical que assume o personagem glam para narrar em música amor e sexo. A guitarra de Pedro Carrilho/Peter Glitter arruma e desarruma a cama para uma noite e um disco que, mesmo em seus momentos desacelerados, não dá a menor pinta de que vai pedir arrego. Com uma cozinha abastecida de urgência e malícia nas batidas furiosas de Cid Boechat/Sid Licious, guiada pelo baixo cheio de suingue ácido de Marcelo Caldas/Myself Deluxe, o Cabaret garante combustível para quase uma hora de suor, fricção e despudor - intoxicante como uma bela trepada ou um grande show de rock têm que ser. No meio do caminho entre Rolling Stones e Elis Regina, o Cabaret se finge de glam para trazer de volta aos palcos brasileiros toda a grandiosidade do rock de arena e seu poder de ocupar vazios com som, de fazer o silêncio se calar para acompanhar solos de guitarra. E numa época onde DJs do mundo inteiro recombinam sucessos de artistas diferentes em novas canções, o Cabaret passa por Led Zeppelin e Cauby Peixoto num mesmo refrão, soando como a banda velha mais contemporânea que você nunca ouviu antes.

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