Duda Brack

MPB

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Duda Brack - É Por André Felipe de Medeiros É de grande responsabilidade pegar o trabalho de outra pessoa e fazer dele o seu. É arriscado, é comprometedor. É mais ousado ainda se sua relação com o indivíduo ultrapassar o coleguismo e adentrar o terreno da profunda admiração, se for alguém de quem você se diz ser fã - aí, é ousado. E de todas as coisas que É pode ser, uma das que mais chamam atenção é justamente sua identidade tão coesa: sua personalidade conjunta (pela diversidade de autores das músicas), porém única, converge na interpretação de Duda Brack e nos arranjos de sua banda. Pode parecer confortável aos olhos de alguns a postura de gravar as letras dos outros - e em alguns casos, de (in)certos cantores, deve ser mesmo. Quando os autores são pessoas não só bem vistas por público e crítica (César Lacerda, Dani Black, Paulo Monarco, Carlos Posada etc.), mas também aqueles nomes por quem você nutre tanto carinho, repito, é ousado. E É tem essa cara de coragem, de algo que só pode ser feito por alguém na intersecção de quem possui a vitalidade da juventude e certa maturidade artística para dar passos certeiros em sua criação. E, de fato, nem parece ser o álbum de estreia da cantora, já que ele vem com bases tão sólidas. Isso tem a ver com poder trabalhar à vontade ao lado de uma banda de confiança: Gabriel Ventura (Ventre) na guitarra, Yuri Pimentel (Rua) no baixo e Gabriel Barbosa (Posada e o Clã) na bateria, além da produção de Bruno Giorgi. Mesmo com todas essas credenciais, é a interpretação de Duda que conduz a obra por suas oito faixas na maneira com que cada palavra de cada verso comunica a verdade daquela composição. O disco não se trata de uma grande obra narrativa que conta uma história específica da primeira à última música, mas funciona como um livro de contos. Você entra em uma pequena realidade de cenários, personagens e contextos a cada faixa, embora tudo esteja dentro de um mesmo universo lírico (no idioma como é falado no Brasil hoje em nível ora coloquial, ora popular) e acompanhado pelo mesmo espírito estético (contemporâneo, também brasileiro). E é dentro das palavras corriqueiras dos autores e dos arranjos pesados feitos ao lado de sua banda que Duda fica livre para trazer à tona as qualidades que falam mais alto do que as próprias histórias - visceralidade, força e emoção. É um disco tempestuoso, como a crise de abstinência que a saudade de alguém pode causar ou como a atitude de não abandonar um relacionamento por motivos que a lógica não dá conta pra explicar. É o abraço espontâneo depois de uma briga também não planejada. É o que se sente com o corpo inteiro. É não poderia terminar de outra forma, senão com Duda Brack entoando suas próprias palavras em uma faixa escondida na última: “o que eu quero é arregaçar o coração à vida e que ele cresça em sua desmedida de nunca caber em si”. Percebe-se. E, como sempre ou quase sempre, valeu a pena o risco, valeu a pena saltar ao abismo de fazer, de sentir e, principalmente, de ser. É assim mesmo. http://monkeybuzz.com.br/resenhas/albuns/14819/duda-brack---e/

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