Connie Converse

Folk

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foto de Connie Converse
Connie Converse falhou uma carreira como cantora e desapareceu nos anos 70. Uma gravação amadora revelou-a e agora é uma estrela do Spotify, mas ninguém sabe do seu paradeiro. Nos anos 50, Connie Converse bateu à porta de muitas editoras tentando vingar como cantora. Nunca conseguiu mas continuou a fazer música no seu apartamento em Greenwich Village. Passou por uma depressão e nunca conseguiu gravar um disco. O mais próximo disso foi a gravação amadora realizada por um amigo. Foi esse registo que, ouvido pela pessoa certa, se tornou um objeto de culto. No verão de 1974, pouco depois de fazer 50 anos, Connie escreveu cartas à família e aos amigos, guardou as suas coisas no seu Carocha e deixou a sua casa no Michigan. Nunca mais ninguém soube dela. Após um período de buscas, a família aceitou o seu direito a partir e começar uma vida nova. Connie, que na realidade se chama Elizabeth Converse, nasceu numa pequena cidade de New Hampshire, em 1924, é filha de um pastor baptista e de uma mãe com talento musical. A educação foi conservadora. Era uma boa aluna e entrou na universidade com uma bolsa de estudo. Desistiu dois anos depois para tentar a sorte em Nova Iorque. Passou a chamar-se Connie. Trabalhava numa editora e mostrava a sua música em editoras. Escrevia a sua própria música quando isso ainda não era habitual, quando ainda não se falava em Bob Dylan. Dan Dzula ouviu a voz de Connie Converse em 2004. Uma gravação amadora feita numa cozinha. "A música dela pareceu-me tão maravilhosa que me pareceu evidente que haveria de sair um disco". Só que nunca saiu e então o publicitário decidiu ser ele mesmo a produzir a cantora. Foi então que se deparou com o problema: ninguém sabia de Connie. Há muito tempo. A gravação era dos anos 50, e juntamente com David Herman, Dzula pô-la na rua. E hoje Connie é considerada a primeira escritora de canções norte-americana e o fenómeno "indie hipster do momento". Nessa altura, Connie era diferente dos outros cantores. Eles cantavam música escrita por outros. Tradicionais, até medievais. A música original era quase sempre sobre a América, e de contornos políticos. Connie escrevia sobre sentimentos e adicionava uma guitarra, como vieram a fazer muitos depois. Críticos de música consideram que o teor da música de Converse era de provocação: ao McCarthismo e à educação estrita dos pais. Os amigos artistas de cantora encorajavam-na, e ela tinha bastantes no meio artístico, mas nenhuma editora mostrou interesse em editar a sua música. Era introvertida e dizem os produtores, pouco adepta da auto-promoção. Como no filme dos irmãos Coen, Inside Llewyn's Davis, ela nunca se conseguiu afirmar e no ano em que Dylan chega a Nova Iorque, 1961, ela muda-se para Ann Arbor, no Michigan, para estar perto da família. Depois foi secretária, editora de um jornal, escreveu alguns artigos. A vida profissional corria-lhe bem. Mas ficou deprimida e em 1974 desapareceu. Nunca tentou contactar a família e a família deixou de contactá-la. Bebia e fumava muito. O irmão mais novo, Phil, suspeita que ela pode ter cometido suicídio nos anos 70. Escreveu cartas em que dizia: "A sociedade humana fascina-me e surpreende-me, enche-me de sofrimento e alegria, não consigo encontrar o meu lugar para me encaixar". A gravação O registo que chegou ao século XXI foi feito por Gene Deitch, em 1955. Ela sobressaía por não ser como a tribo beatnik da época e ele ficou impressionado com ela. Diz que ela podia ser "um freira". Mas quando começou a cantar percebeu que ela podia ser tudo menos freira. "Quando começava a cantar transformava-nos", disse ele, um entusiástico gravador de sons. "Só pelo gozo de o fazer". Pediu a Connie para a gravar e ela acedeu. "Sentei-a num pequeno banco, um banco de cozinha como gostava quando tocava, pus o meu microfone à frente dela e ela começou a cantar. Podíamos fazer alguns comentários entre canções mas ela cantou uma atrás da outra", explicou. Deitch, agora animador e a viver em Praga, continua a ser uma colecionador de imagens e sons. O acervo pessoal inclui gravações de Pete Seeger e John Lee Hooker. Convidado a escolher alguns dos seus discos preferidos para um programa da NPR, em Nova Iorque, lembrou-se de levar um que nunca tinha sido tocado na rádio. Escolheu a canção "one by one". Contou no ar o mistério em torno da artista. Nada aconteceu depois disso. Exceto que entre os ouvintes estava, por acaso, Dan Dzula, cuja carreira tinha sido fazer jingles publicitários. Ficou hipnotizado e guardou a canção, mostrando-a a amigos. Conta que, periodicamente, procurava o nome de Connie Converse no Google na esperança de que um álbum fosse lançado. "Queria ser o primeiro a comprá-lo". Como nada aconteceu, decidiu procurar Gene Deitch. Encontrou o e-mail e escreveu-lhe. "Nem sabia se ele tinha tempo para uma pessoa como eu". Mas Deitch respondeu e ambos decidiram produzir o disco de Converse. Duzla e o co-produtor Herman, descobriram que, além de Deitch, Phil Converse tinha gravações da irmã. Mandava-as pelo correio, desde Nova Iorque. Tínhamos 90 gravações de 35 canções diferentes. Depois surgiram muitas mais. Estavam guardadas no sotão de casa de Phil (que morreu em 2014). Das 35 iniciais, escolheram 15 e dessas as melhores gravações. Editaram-nas o melhor possível. Ao mesmo tempo foram à procura de tudo o que podiam sobre Connie Converse, uma busca que continua até aos dias de hoje. "Não querem saber o que lhe aconteceu?". Os primeiros esforços culminaram com a edição em 2009 do primeiro disco, How Sad, How Lovely. Desde então têm existido concertos de tributo, documentários e outras manifestações em torno da artista. Dzula e Herman editaram em 2015 uma versão em vinil do disco How Sad, How Lovely e têm em mãos um novo artista desconhecido, a mãe do cantautor Nick Drake, Molly Drake, cujo talento musical só muito recentemente foi notado.

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