Sopor Aeternus

Gótico

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foto de Sopor Aeternus
Durante muitos anos, pouco se soube sobre essa banda alemã. Seus primeiros lançamentos praticamente não traziam informações sobre os integrantes, que, complicando a situação, não se apresentam ao vivo. Além da música em si, havia apenas a referência visual das capas de três fitas de demonstração gravadas entre 89 e 92: Es reiten die Toten so schnell, a única oficialmente lançada (o título é uma leve deturpação de um verso de Leonor, de Gottfried August Bürger - citada no Drácula de Bram Stoker - que significa "porque os mortos cavalgam rápido..."); Rufus on my lips e Till time and times are done. Uma dessas imagens - uma foto fantasmagórica - lembra símbolos de "perigo de morte" mostrando alguém que segurava fêmures em mãos dotadas de enormes unhas negras, cruzando-os sobre um rosto branco cujos olhos se resumiam a dois borrões. Bastou: o mistério se instaurara... Capa de Es reiten die Toten so schnell Sua sonoridade trazia certa influência das bandas eletro-góticas alemãs da década de 80, mas algumas faixas instrumentais, como "Omen Sinistrum", apontavam uma acentuada gravidade fúnebre que os diferenciava. A voz variava de um tom provocativo à lamúria em tons agudos e as letras dessas primeiras faixas enfocam a morte e os mortos-vivos de tal modo que a série recebeu a alcunha de "Undead Trilogy". Destas canções, "The Feast Of Blood" teve especial importância por ter apresentado a banda na coletânea vampírica What Sweet Music They Make (95), de distribuição mundial. No mesmo ano, a compilação Jekura - Deep the Eternal Forest trouxe quatro faixas relacionadas à banda: dois covers do Black Sabbath, "A National Acrobat" e "Paranoid", publicadas com seus nomes invertidos e estranhamente acentuados; e duas canções do White Onyx Elephant, projeto instrumental paralelo ao Sopor Aeternus. Pouco tempo se passou até que surgissem as primeiras entrevistas, todas repletas de respostas pouco esclarecedoras que nos revelam apenas parcos elementos. O primeiro deles foi, obviamente, o nome (artístico) daquele "espectro" que se provou ser o vocalista da banda: Varney... Para os apreciadores do vampirismo, este nome não podia ser desvinculado da sanguessuga que protagoniza o folhetim Varney the Vampyre, or the Feast of Blood (1847), atribuído ao autor James Malcom Rymer. Tais coincidências não deixam margem para dúvidas quanto à origem de seu nome artístico e do título da faixa que os tornou lendários no underground gótico. Neste período, a morte - que está até mesmo sugerida no nome da banda - é tratada com intimidade: sopor aeternus significa "sono eterno" em latim. Segundo palavras nebulosas de Varney, este nome também nos lembra do fato de que "nada morre, deuses principalmente, eles apenas esperam que alguém se atreva a se lembrar deles..." e ilustra o fato de vivermos num "limbo ilusório", uma penosa "morte-em-vida da qual é necessário acordar". Análises mais ponderadas revelariam que, sob o aparente vampirismo raso das letras deste período, espreitam mórbidas parábolas de desapego material, inspiradas talvez pela doença que por pouco não cegou Varney. Detalhe do frontispício para o primeiro capítulo de Varney the Vampyre, or the Feast of Blood E quanto ao "Ensemble of Shadows"? Segundo Varney, esse complemento (conjunto de sombras) foi adicionado ao nome da banda como um tributo à influência dos descarnados sobre seu trabalho - "eles sempre me cercaram", afirmou o vocalista, o que remete às declarações do dançarino japonês Kazuo Ohno, um dos criadores do Butô, que já declarou sentir-se guiado pelos mortos enquanto executa seus lentos passos... Outra amostra desta obsessão é "Dark Delight", dedicada a Victor Bertrand, o "Fantasma de Montparnasse" que, dizem, assombra o cemitério Père Lachaise, em Paris. Uma versão "ao vivo" dela foi incluída na reedição do primeiro álbum da banda, contrariando as declarações de que a banda jamais se apresentara ao vivo. Uma leitura mais atenciosa do encarte do CD solucionaria a questão: ela foi executada e gravada ao vivo, porém, sem platéia (!!) - "para os mortos". Entre as perguntas inicialmente evitadas, estava a básica "como a banda foi fundada?". Anos se passaram até que finalmente surgissem respostas objetivas à ela. Hoje sabemos que Varney conheceu duas pessoas na casa noturna Negativ, em Frankfurt. Suas críticas sobre uma banda que se apresentava os levou a engrenar conversas que logo gerariam um esboço inicial do Sopor Aeternus. A escolha pelo anonimato, a recusa em se apresentar e a escassez de informações divulgadas - postura que Varney define como "exibicionismo introvertido" - engendraram tantas conjecturas que não é mais possível discernir o que é lenda entre os fatos. Isso deu margem para que a banda se tornasse um conceito, transformando a figura lutuosa que a representa numa egrégora de tudo o que expressa, uma verdadeira entidade de melancolia e dor. Como dizia Oscar Wilde, "dê uma máscara ao homem e ele dirá a verdade". Após 30 anos de depressão e misantropia, foi escondendo-se sob o nome de um morto-vivo vitoriano que este artista encontrou sua válvula de escape...

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