Tiago Bettencourt

Alternativo

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foto de Tiago Bettencourt
«Carta». Subitamente, a música portuguesa conhecia um novo imaginário e uma nova paixão. «Esquissos» era muito mais do que meros traços, desenhados com a genialidade de quem tinha muito para dizer. Estávamos em 2003 e Portugal conhecia uma nova voz e um hino de toda uma geração. «Carta» apresentou os Toranja e Tiago Bettencourt. «”Carta” foi efectivamente a música que, por qualquer razão, ultrapassou as fronteiras do público que seria esperado para uma banda nova de rock», recorda Tiago. «Em menos de nada, “Carta” deixou de ser uma canção minha para passar a fazer parte da vida de muitas outras pessoas, com outras vidas, outros olhares, outros gostos e, principalmente, outras interpretações do que eu tinha escrito naquela manhã, ainda em casa dos meus pais. Foi talvez o princípio oficial da minha carreira como músico e a prova clara de que a Arquitectura ia ter que esperar mais uns aninhos...». Quase uma década volvida, esse primeiro grande hino de Tiago Bettencourt volta a estar no centro da sua obra, escolhido como primeira amostra do seu novo registo, «Acústico», o disco ao vivo que gravou em estúdio, no passado Verão e que celebra de forma memorável os seus 10 anos de carreira. «Para tocar comigo esta versão, quis ter ao meu lado o meu amigo e guitarrista dos extintos Toranja, Ricardo Frutuoso». Mas não se pense que «Acústico» é uma mera ode ao percurso trilhado. «Esta nova gravação acústica e rearranjada, trouxe inesperadamente nova vida à “Carta” e, mais uma vez, a certeza de que as canções mais simples, por vezes, são as que resistem ao tempo», conclui o seu autor. «Esquissos» vende mais de 40 mil discos. Os Toranja vencem um Globo de Ouro e dão mais de 120 espectáculos em 14 meses. Em 2005, «Laços» dá a conhecer «Segundo», que repete a aclamação do álbum de estreia, chegando à marca de Disco de Ouro, originando mais de 90 concertos. No auge da sua popularidade, os Toranja decidem fazer uma pausa – mas Tiago Bettencourt tem ainda muito mais para mostrar. É, então, que se dedica de corpo e (muita) alma a uma nova aventura. Tão voraz quanto as suas palavras. Em 2007, rodeia-se dos Mantha, para a sua estreia discográfica a solo: «O Jardim» é produzido por Howard Bilerman, o canadiano de Montreal que gravou «Funeral», o fantástico debute dos Arcade Fire. Com novos companheiros, e em momentos incontornáveis como «Canção Simples», Tiago Bettencourt confirma aquilo que já todos sabiam: a beleza das suas palavras, os requintes das suas melodias e a forma ímpar como escreve apontando ao cerne de todos os que se deixam tocar pela sua arte. Em 2010, depois de dois anos de estrada e um merecido retiro, Tiago Bettencourt desvenda «Só Mais Uma Volta» e um novo álbum. «Em Fuga» repete a experiência de estúdio com Howard Bilerman mas expõe, em gestos únicos, a sua maturidade criativa, num registo fluido, feito de uma inquietação serena e, mais uma vez, de contrastes reais. Pode ter tudo a ver com emoções mas, nas suas canções, tudo desagua nos mistérios da condição humana, imperfeita e em constante renovação. Tiago Bettencourt não é um artista fabricado, não faz parte de nenhuma corrente e não existe para agradar a ninguém mas dá as boas vindas a quem se quiser juntar a este caminho. «Tiago na Toca» surge em Dezembro de 2011, um álbum que o próprio autor assume como um projecto à parte. «Não é um disco ou um livro ou um personagem. É apenas o nome que dei ao conjunto de experiências que faço por intuição ou acaso, separadas dos meus discos de carreira: gravações independentes, propostas que aceito, desafios a que me proponho criativamente como exercícios, produções low fi sem o dedo polidor da produção dos dias que correm». A ideia para «Tiago na Toca» foi despoletada por um poema que ouviu cantado por Camané, que lhe trouxe a ideia de fazer todo um álbum de palavras que não eram suas. «Assim, comecei a minha pesquisa pelos poetas que me fizeram começar a escrever. Poetas antigos, poetas também do fado que tanto me moldou. O desafio de desvendar emoções, de lhes dar sons, harmonias, novas roupagens... e, para isto, usar o espaço, a captação descomprometida, o improviso, o instinto». Irrequieto, levou a sua inspiração ainda mais longe, inspirando outros nomes a juntarem-se a esta jornada extraordinária: Carminho, Fernando Tordo, Inês Castelo Branco, Dalila Carmo, entre muitos outros, contribuíram para que este CD/livro se tornasse muito mais do que um mero álbum. «Tiago na Toca» é um objecto único. Especial. E, em 2012, chega «Acústico». É a primeira compilação de Tiago Bettencourt, o primeiro olhar dado a uma carreira que, há muito, se tornou exemplar. «Não sou pessoa de retrospectivas, e nada me dá mais prazer do que gravar um novo disco de originais, mas confesso que quando me propuseram fazer um concerto acústico de “greatest hits”, a minha memória levou-me de volta aos anos 90 e aos magníficos MTV unpluggeds que mudaram a minha vida. Lembrei-me da emoção que era ouvir os meus artistas preferidos fazerem versões despidas de músicas que eu sabia de cor. O intimismo destes concertos, da filmagem, dos cenários, faziam-me sentir parte daquele público». «Acústico» é íntimo na abordagem mas sôfrego na paixão – a sua e a dos convidados que nele participam, da Orquestra Concerto Moderno a Lura ou Jorge Palma, parceiros na recriação de marcos incontornáveis. «Já Não Te Encontro Mais», «O Jogo» ou «Chocámos Tu e Eu» saíram dos sonhos de Tiago Bettencourt e tornaram-se património nacional. «Canção de Engate» ou «Pó de Arroz» ganharam nova realidade através da sua incrível impressão digital. «Este álbum é o que é: o conjunto das músicas que, desde o meu princípio como músico, o grande público foi escolhendo como suas preferidas. Canções despidas e rearranjadas, ao vivo, sem truques». «Temporal» é a grande novidade de «Acústico» – porque a constante inquietude artística de Tiago o impede de ficar retido no passado. E porque ainda há muito futuro para palmilhar. Cinco álbuns e muitos parceiros depois, Tiago Bettencourt mantém o fervor de quem parece apenas ter começado. A mesma capacidade de emocionar, de desbravar novos caminhos, de se aventurar um pouco mais. Em «Acústico», eis Tiago Bettencourt e as suas canções. As mesmas que há muito deixaram de lhe pertencer para se tornarem verdadeiros clássicos da música portuguesa!

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