Tuca Fernandes

Axé

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foto de Tuca Fernandes
O trabalho de Tuca Fernandes com Arrigo Barnabé começou em 1980, nos shows de lançamento do LP “Clara Crocodilo”. Essa cumplicidade resultou na canção “Mirante” de 1982, a ela dedicada. Nos anos 90, a colaboração continua na opera “Gigante Negro”, com Tuca protagonizando a cortesã Glória Gozosa ao lado de Itamar Assumpção. “Luar” começou a ser elaborado em 1999, durante os ensaios para a gravação de “Clara Crocodilo ao vivo”. Fundado em 1995, o quinteto mostra uma rara formação instrumental, que já inspirou várias obras escritas para ele, bem como resgata e divulga obras do séc XIX em diante, registradas em dois CD’s: “Louise Farrenc by Quinteto Delas” e “Quinteto Delas vol. II” (ambos selo Paulus). Em 1998 ganhou o prêmio Carlos Gomes e se apresentou duas vezes em Nova Iorque, para uma platéia de 8 000 pessoas, e em várias cidades do Brasil. O trabalho com Arrigo Barnabé enriquece de forma valiosa sua linguagem, em sua trajetória de fusão entre música popular e erudita. Com a parceria de Tuca Fernandes o “Luar” entrou em estúdio de gravação amadurecido através de vários shows e concertos. “Luar” certamente constituirá uma surpresa para aqueles que ainda imaginam que o estilo Arrigo Barnabé de compor resume-se ao de “Clara Crocodilo”: aqui se encontra um outro Arrigo Barnabé, tão antigo quanto o de “Clara”, mas não menos original, o Arrigo das canções camerísticas. Nele, diferentemente do que ocorre em “Clara”, têm voz personagens estranhos aos cenários urbanos, como o seresteiro que sofre de amor, o poeta que recorda a infância e o convívio perdido com a natureza, o ser pensante que olha para o espaço e nele lança suas indagações. De todos eles, o seresteiro – representado aqui em faixas como “Sinhazinha” – talvez seja estilisticamente o mais ligado à tradição da canção sentimental brasileira, que tem origem na modinha. Após a modernização que ao gênero conferiram Tom Jobim e Vinícius de Moraes – e, na esteira de ambos, Edu Lobo – nos parece que coube principalmente a Arrigo (contando por vezes com a colaboração significativa de parceiros como Eduardo Gudin) dar-lhe consistentemente novas e belas feições, sem desfigurá-lo. De resto, é natural que as canções de “Luar” possuam certos elementos que fazem parte da estética geral de Arrigo e que, por isso, também se encontram nas músicas “estilo Clara”. Mas aqui, a desobstrução do tecido sonoro através, sobretudo, do uso limitado do contraponto, faz com que o talento de Arrigo como melodista (nem sempre lembrado) se revele em toda a sua plenitude. Existiriam ainda Arrigos a se redescobrir ou futuros novos Arrigos? A basear-nos na sua trajetória de surpresas e inovações, certamente quem viver, verá. Por Cláudio Leal Ferreira

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